MULHERES CIENTISTAS: HEROÍNAS SEM GLÓRIA

Por 15 de outubro de 2016

Glauco Arbix

Tente pesquisar “os maiores inventores de todos os tempos” no Google. Comece a contar e você vai passar por 29 nomes de homens antes de chegar, surpreendentemente, em Hedy Lamarr, atriz austríaca da época de ouro de Hollywood. Em 1942, ela registrou uma patente para uma tecnologia capaz de impedir que os inimigos detectassem mensagens em sinais de rádio. Este “Sistema de Comunicação Secreto” levou às tecnologias de telefonia móvel e de proteção às comunicações militares.

Se você digitar “os maiores cientistas de todos os tempos” a coisa só melhora um pouquinho para as mulheres, pois a doutora Marie Curie (primeira mulher a receber um Nobel, aliás 2, em 1903 e 1911) aparece em quinto lugar (atrás de Newton, Einstein, Darwin e Pasteur) e depois…nada. E isso está longe de espelhar a realidade.

Mulheres deram contribuições marcantes para a ciência, só que não receberam os louros que mereciam. Por discriminação e preconceito.

Vamos ver algumas delas, mais precisamente 7, que merecem todas as honras da ciência, mesmo que tardias.

emmy_noether

1) Emmy Noether – 1882 / 1935

Brilhante matemática nascida na Alemanha (imigrou para os EUA em 1933, por ser de família judaica), revolucionou as teorias sobre anéis, corpos e álgebra. Einstein escreveu seu obituário (no NY Times): “ Noether foi um dos gênios mais criativos da matemática”.


Lise Meitner

2) Lise Meitner – 1878 / 1968

Física austríaca, suas especialidades foram a radioatividade e a física nuclear. Simplesmente a descobridora da fissão nuclear. Noether enfrentou uma série de obstáculos em sua carreira pelo fato de ser mulher – postos subalternos e mal remunerados – e o Nobel de Física pelas suas descobertas foi para seu colega Otto Hahn (que a mencionou em seu discurso).


Marthe Gautier

3) Marthe Gautier – 1925

Médica e pesquisadora francesa descobriu em 1959 que a causa da Síndrome de Down era a presença de um cromossoma a mais. Seu achado foi “assumido” por seu chefe na época no Hospital Trousseau (Paris), o dr. Jéròme Lejeune (que mais tarde se tornaria famoso por suas campanhas anti-aborto).


Hertha Ayrton

4) Hertha Ayrton – 1854 / 1923

Engenheira, matemática e inventora inglesa. Estudou matemática em Cambridge, mas não não recebeu diploma por ser mulher. Seus estudos com eletricidade geraram várias patentes, como as lâmpadas de arco voltaico (precursora das lâmpadas de mercúrio e sódio). Foi a primeira mulher a apresentar um estudo na Royal Society, mas não foi admitida como membro por ser casada.


Jocelyn Bell Burnell

5) Jocelyn Bell Burnell – 1943

Astrofísica nascida em Belfast. Ainda como pós-graduanda descobriu os primeiros pulsares, mas foi seu orientador, Antony Hewish, quem recebeu o Nobel de Física de 1974 pela descoberta. “Estudantes não ganham Nobel” disse Jocelyn com ironia.


Gerty Cori

6) Gerty Cori – 1896 / 1957

Bioquímica nascida em Praga, imigrou para os EUA em 1922 com o marido, com quem trabalhou, sempre ocupando postos subalternos em instituições e universidades. O casal recebeu o Nobel de Fisiologia e Medicina em 1947 por seus estudos sobre diabetes.


Rosalind Franklin

7) Rosalind Franklin – 1920 / 1958

Biofísica inglesa graduada por Cambridge. Depois de aprofundar seus estudos nos EUA e na França, começou a trabalhar (no King’s College London) na sua pesquisa pioneira sobre o DNA. O trabalho de Franklin permitiu ao norte-americano James Dewey Watson e aos britânicos Maurice Wilkins e Francis Crick confirmar a dupla estrutura helicoidal da molécula do DNA, dando-lhes o Nobel de Fisiologia e Medicina no ano de 1962 (4 anos após a morte prematura de Rosalind), sendo ela a grande injustiçada pois sua contribuição não for sequer mencionada.


Deixe seu comentário