Torba Azenha
“Pare de lutar contra as infecções. Em vez disso, ajude seu corpo a tolerá-las”. A afirmação não é de nenhum curandeiro hippie, mas da fisiologista e professora do Salk Institute Janelle Ayres. Ela complementa: “Todos estão focados em fazer novos antibióticos para uma guerra que nunca vamos vencer”. Muitos estão se convencendo disso e assim, sua teoria e seus estudos têm despertado o interesse de uma parte importante da comunidade científica.
Janelle tem à sua disposição todos os tipos de ferramentas de alta tecnologia dos campos da microbiologia, genética e imunologia para ajudá-la a entender por que alguns indivíduos toleram uma infecção muito melhor do que outros.
Seu trabalho é mais que necessário pois fica cada vez mais claro que a abordagem padrão para combater infecções, usando antibióticos e antivirais, está se mostrando inadequada. As drogas não funcionam para todas as doenças, elas matam as boas bactérias junto com as más e seu uso desenfreado está contribuindo para a ascensão de bactérias resistentes aos antibióticos, ou superbactérias, que aterrorizam os especialistas porque existem poucas maneiras de detê-los.
Suas pesquisas começaram há dez anos em Stanford. Ela infectou mais de 10 mil moscas com listeria e o comparou as que morreram com as sobreviventes e encontrou conjuntos específicos de genes que desempenharam papéis na prevenção, contenção e até na reparação dos danos da infecção.
O estudo imediatamente chamou a atenção de um dos imunologistas mais renomados do país: Ruslan Medzhitov, que conquistou quase todos os grandes prêmios recentes de biologia. Ele ficou convencido de que a tolerância era a questão-chave que os imunologistas haviam negligenciado há muito tempo.
A partir dos elogios de Medzhitov, o trabalho de Ayres começou a ser analisado e replicado em vários laboratórios de todo mundo.
Vale muito ver Janelle no Ted Talks: Ending the arms race with infectious diseases
Deixe seu comentário