Glauco Arbix
O governo chinês anunciou oficialmente a criação de uma nova agência para desenvolver tecnologias militares de última geração, inspirada diretamente na Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA), dos Estados Unidos, estabelecida em 1958, em plena Guerra Fria, para se contrapor aos avanços da então União Soviética. Para quem ainda não sabe, foi na DARPA que nasceu a Internet, o GPS, sistemas que tornam objetos invisíveis aos radares e outras tecnologias de ruptura.
A nova agência nasce debaixo das asas da Central Military Comission, coordenada diretamente pelo Presidente chinês, Xi Jinping.
A agência chinesa é o mais novo instrumento do programa de modernização acelerada das Forças Armadas chinesas e faz parte dos esforços do governo para viabilizar a consolidação da de uma nação cada vez mais forte e poderosa. Segundo o presidente Xi, “to achieve the great revival of the Chinese nation we must ensure there is unison between a prosperous country and strong military” (The Buzz, 29 de julho 2017).
Segundo a Agência Xinhua, o rápido crescimento e globalização da economia do país foi acompanhado por investimentos nas áreas militares que atingiram, em 2016, US$ 150 bilhões, com previsão de outros US$ 220 bi em 2020. Tudo indica que a China, além da supremacia econômica, quer prevalecer também na arena militar, ainda que seus gastos com a Defesa estejam longe dos americanos, que dedicaram ao setor US 520 bi no ano passado, cerca de 1/3 do dispêndio global. A Agência enfatiza ainda que “não há outra forma de se vencer a competição militar a não ser a promoção intensiva de ciência e tecnologia”, com o controle de hardware e software sofisticados e a formação dos melhores talentos (24.07.2017). Analistas independentes declararam ao Financial Times (26.07.17) que as Forças Armadas chinesas têm a tecnologia no centro de suas preocupações e que o objetivo de qualificação e busca de competências seria componente diferencial em relação à DARPA americana.
Apesar dessas notícias terem circulado na China por ocasião do aniversário de 90 anos do Exército de Libertação Nacional, o destaque foi dado ao desenvolvimento de tecnologias duais, que compartilham o uso civil e militar. Faz parte da mesma estratégia e o objetivo é posicionar a China como líder do campo de Inteligência Artificial em 2030.
Fontes independentes anunciam que a DARPA chinesa seria responsável pela identificação e seleção de projetos high-tech em seus primeiros estágios de desenvolvimento, pelo acompanhamento dos avanços da pesquisa nas áreas de Defesa e por uma sintonia fina com empresas e centros civis, públicos e privados, que podem contribuir para o avanço científico e tecnológico.
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