COM BREXIT, PERDE A PESQUISA

Por 24 de junho de 2016Highlights, Pesquisa

Glauco Arbix

O Reino Unido deu as costas para a União Europeia, por 52% a 48%. A turbulência será grande para todos os lados, com mais austeridade para compensar uma enorme perda de conexões combinada à uma profunda instabilidade política. No campo da pesquisa científica, o Reino Unido tem 1% da população mundial, 4% de cientistas e produz 16% dos artigos científicos mais citados, ou seja, os mais influentes. É uma potência, que precisa mais do que nunca de cooperação e integração com a máquina de conhecimento instalada na Europa. Não à toa que mais de 80% dos cientistas britânicos eram contra deixar a União Europeia. Parte importante do financiamento de sua pesquisa vem da Europa. Estima-se a perda de £ 1 bilhão/ano de recursos de fora que alimentavam programas de pesquisa no Reino Unido. Mais que financiamento, porém, as barreiras para conter a migração tendem a reduzir a diversidade de pesquisadores. E não somente dos europeus, mas atingirá indianos, paquistaneses, africanos e latino-americanos. Mais ainda, os novos sistemas de regulação, que tenderão a ser próprios do Reino Unido, afetarão diretamente os padrões de geração de conhecimento, em especial no campo da Bio e da Nanotecnologia, da indústria farmacêutica e do universo dos testes clínicos.

É ilusão pensar que é possível romper e continuar recebendo os benefícios dos programas de pesquisa europeus. Com a ruptura, perdem o Reino Unido, a Europa e o todo o mundo da Ciência e da Inovação.

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