Lucas Carvalho
O termo gamificação deriva da palavra inglesa “game” e emergiu nos últimos anos como uma tendência no mundo empresarial, especialmente nos setores de marketing. Sua aplicação se dá, basicamente, em usar técnicas dos jogos para promover o engajamento de comportamentos em situações diversas na vida real.
O crescimento do tamanho e da importância da indústria de jogos virtuais, atrelado ao crescimento da indústria de tecnologias da informação e comunicação (TICs), contribuíram para o escalonamento e disseminação dessa estratégia. Na medida em que a indústria fez investimentos vultosos em estudos para melhor entender o que torna um determinado jogo de computador envolvente e bem-sucedido, as TICs transformaram a forma como pessoas e organizações participam, colaboram, discutem e modificam todo tipo de experiência, assim como se conectam e se influenciam.
Os games também permitem o acesso das empresas a uma quantidade (e qualidade) de dados sobre opiniões, gostos, sentimentos e estilos de vida das pessoas. O exemplo mais recente de uma junção entre jogo e estratégia de negócios veio da parceria entre a Nintendo e a Niantic que está revolucionando não só o mercado de games em todo o mundo, como as estratégias empresariais com seu jogo Pokémon Go, que já conta com mais de 70 milhões de usuários só nos Estados Unidos. Em 7 dias os “pocket monsters” dispararam a valorização da Nintendo em mais de 5 bilhões de dólares.
Pokémon Go é um jogo de realidade aumentada para smartphones. Você caça criaturas virtuais no mundo real. Seu sucesso vem da mistura do jogo com a realidade. Mas a estratégia de gamificação não se refere simplesmente às criaturinhas virtuais, e sim ao conteúdo de dados gerado pela utilização do jogo diariamente. Jogar Pokémon Go significa transmitir ao aplicativo hábitos e rotinas. Uma montanha de dados em tempo real. Muito apetitosa para qualquer tipo de negócio.
Na USP, a equipe do professor Afonso Fleury pesquisa há tempos as estratégias de gamificação. Um de seus trabalhos mais recentes, financiado pelo BNDES, envolveu 25 pesquisadores da USP, PUC-SP, UFRJ, UFBA e UFPe. Ao todo, foram mapeados quatro grandes ecossistemas da indústria de jogos: consoles e PC (que inclui “massive multiplayers”, on-line games e MMOs); distribuição pela internet; plataforma mobile; e “serious games”. Para além da diversão, os jogos podem educar, ajudar na capacitação profissional e facilitar a compreensão de conceitos de cidadania e ainda difundir valores sociais.
Longe de joguinhos para as crianças, a indústria de games está cada vez mais integrada ao universo da indústria, agricultura, comércio e serviços.
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