A ciência poderia ter evitado as mortes de Petrópolis

Por 1 de março de 2022

Desde 2011, existe no Brasil o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), criado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e cuja função é exatamente a de gerar alertas sobre esse tipo de calamidade. E o que motivou sua criação foi justamente as fortes chuvas que provocaram mais de 900 mortes na região serrana do Rio de Janeiro, mais especificamente em Teresópolis, naquele ano. Idealizado pelo então secretário do Ministério da Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre, “o Cemaden funcionou, montou sistemas de alerta, montou sistemas de coleta de chuva, monitorava possibilidade de desabamento de terras, deflagrava processos de alarme para que a Defesa Civil tirasse as populações em áreas de risco”.  No entanto, quando da tragédia recente de Petrópolis, o equipamento já não estava funcionando na região, tendo voltado para sua sede, na cidade de Cachoeira Paulista.

O retorno deveu-se à falta de  recursos do Cemaden para fazer a manutenção do equipamento, que havia sido doado, em 2015,  às regiões serranas do Estado do Rio castigadas pela severidade das chuvas, com a finalidade de salvar vidas. Não havia orçamento para evitar a degradação do equipamento. Para Arbix, é isso o que acontece com a ciência no Brasil, totalmente sucateada e cada vez menos competente, competitiva e eficiente. “A ciência ajuda a salvar vidas, quando ela não sofre com cortes de verbas irresponsáveis, quando ela não sofre com uma ação errática do atual Ministério da Ciência e Tecnologia e quando ela não sofre a segregação e as críticas acirradas que o próprio governo Federal faz contra a ciência, as universidades, cientistas, como se nós fossemos pessoas sem qualquer valor. Não somos, a ciência não é, o Cemaden não é, e a ciência tem condições de salvar vidas, desde que ela não seja minada e corroída por dentro pela própria atuação do governo”, conclui o colunista. Radio USP – veja mais

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