A política econômica tem efeito direto sobre as condições com as quais a política de CT&I será executada. A formulação da política de CT&I deve levar em consideração o comportamento e a trajetória das variáveis macroeconômicas, tais quais a taxa de juros, a taxa de câmbio, a expectativa de inflação e as condições fiscais do país. Adicionalmente, o presente momento é diferente dos predecessores, pois há um novo ciclo tecnológico que questiona a maneira como produzimos ciência, as práticas das empresas, suas estratégias e, sobretudo, como os países pensam o desenvolvimento. Países avançados e emergentes priorizam agendas para a construção de uma economia sustentável e se preparam para uma nova sociedade digital, com menos pobreza e desigualdade social, além de maior atenção ao bem-estar da população. Nesse contexto, o Brasil parece caminhar em sentido contrário, quando deveria saber como aproveitar as oportunidades.
Em meio à pandemia da COVID-19, a área de CT&I mostrou novamente o seu valor em todo o mundo. A grave crise sanitária recolocou no centro do debate a importância da continuidade dos investimentos em ciência, de uma base produtiva forte e do papel central do Estado na coordenação de agentes e recursos. Ficou ainda mais evidente, portanto, que um Estado que busca uma sociedade equânime, comprometida com os direitos sociais e a vida só é viável ao dispor de uma base científica, tecnológica e de inovação robusta e que lhe dê sustentação.
Desde 2018, os desafios enfrentados pela CT&I no Brasil se intensificaram não só pela pandemia de COVID-19, mas também pelo descaso e descrença governamental. A fim de entender o que pode e o que deve ser feito para contorná-los, o projeto “Agenda 2023: Um Novo Capítulo para a CT&I no Brasil” discutiu diagnósticos e propostas com especialistas de diferentes áreas ao longo do primeiro semestre de 2022. Em uma nova etapa, a iniciativa passa a dialogar com representantes de candidaturas políticas do campo democrático os caminhos a serem percorridos para o fortalecimento da área a partir de 2023. Neste primeiro encontro, discutimos com representantes de campanhas presidenciais desafios ligados à economia, sustentabilidade e saúde. Recebemos Mariano Laplane, Nelson Marconi e Pedro Wongtschowski – representando, respectivamente, as candidaturas de Lula, Ciro Gomes e Simone Tebet.